por ROBERTO HEIDMANN
Os estados estão falindo.
As escolas estão sendo invadidas.
As câmaras legislativas estão sendo depredadas.
Os políticos estão sendo presos.
O dinheiro acabou.
Ninguém acredita na imprensa.
Ninguém acredita no governo.
Ninguém acredita nos sindicatos.
Ninguém acredita em partido político algum.
Somos o país que mais mata.
O que mais burocratiza.
O que menos oferece retorno dos impostos.
O que mais violenta professores.
O que tem mais medo de tortura policial.
O líder em mortes por balas perdidas.
Somos o país que tem o Judiciário mais caro.
A social democracia trabalhista tupiniquim faliu.
A infraestrutura mais inoperante.
A saúde pública mais ineficiente.
O Congresso mais oneroso.
Odiamos os políticos, mas amamos o Estado.
Desprezamos os partidos, mas adoramos vê-los com poder.
Rejeitamos o governo, mas cultuamos vê-lo administrando nossas carteiras.
Abominamos os serviços públicos, mas execramos as privatizações.
Denunciamos as gangues políticas, mas demonizamos quem ousa propor diminuir seus domínios.
O Brasil é uma grande repartição pública condenada ao fracasso.
Ou a gente acaba com a nossa relação com o poder.
Ou a nossa relação com o poder acaba com a gente.