Mal começa o dia e já presenciamos na madrugada uma nova treta na política tupiniquim. Decidi realizar um curto texto expondo a minha opinião sobre a mais nova disputa de egos (na verdade é só mais um ataque gratuito do Olavo mesmo) que rolou entre 2 grandes influenciadores da direita brasileira, os filósofos Olavo de Carvalho (Sidi Muhammad Ibrahim para os íntimos) e Luiz Felipe Pondé.
Antes de mais nada, gostaria de deixar bem claro que não sou um hater ou detrator do professor Olavo, pelo contrário, reconheço sua importância em na luta contra a hegemonia esquerdista e já deixei claro em diversos hangouts e textos que o Olavo é um dos maiores especialistas do Brasil quando se trata de Guerra Política/Cultural e táticas de persuasão, e que devemos aprender com o mesmo. Mas também nunca fui um membro de seita que não o trata como um guru inquestionável e é perceptível o desconhecimento (quero acreditar que seja ignorância e não desinformação proposital) do mesmo em assuntos como geopolítica, astrofísica, biologia e economia. Em resumo, é um bom filósofo e estrategista político mas que deve ser filtrado quando decide entrar em outros assuntos.
Mas agora vamos ao que interessa. Na última quarta-feira, dia 16 de janeiro, o doutor em filosofia Luiz Felipe Pondé concedeu uma entrevista à Rádio Bandeirantes, onde falaria sobre os rumos do novo governo. A entrevista aparentemente não agradou muito o Olavo, que publicou um vídeo chamado “Pondé, o mentiroso”, onde se baseou em um trecho isolado de uma entrevista (em que o Pondé comete um erro meramente biográfico) para partir para a clássica tática de destruição de reputações a partir de rótulos, ofensas e injúrias, ao mesmo tempo em que se vangloria (como de costume) de todos os seus feitos na década de 90 e fala (pela milésima vez) sobre como quebra sozinho a hegemonia da esquerda. Vale ressaltar que o Pondé em momento algum negou isso, inclusive o próprio já elogiou diversas vezes o trabalho realizado pelo Olavo na década de 90 e sua luta contra a hegemonia marxista. Em um comparativo básico fica evidente a diferença entre as 2 pessoas, além de mostrar um erro de estratégia gravíssimo por parte do Pondé, na Guerra Política nunca devemos nos rebaixar ao bom-mocismo, ainda mais quando a pessoa do outro lado rejeita tal postura e pisoteia quem faz uso da mesma (o que pode até não ser moral mas é estrategicamente correto).
Seria de fato proporcional a reação do Olavo e teria realmente o Pondé difamado o mesmo? Pois bem, ao contrário dos olavetes que só escutam a versão do Olavo e o trecho isolado que ele mostra, eu procurei e assisti a entrevista. Antes de comentá-la, devemos deixar claro que o professor Pondé não possui e jamais possuiu qualquer tipo de dever com o Olavo, estando livre para discordar de seus posicionamentos e criticá-lo quando achar necessário. Voltando ao tema em questão, na entrevista o Pondé tratava dos novos rumos do país no governo Bolsonaro, e ao entrar na questão das influências do novo governo, ele começa a falar do Olavo, inicialmente deixando claro (mais uma vez) a importância do filósofo no combate à hegemonia marxista. O trecho que o Olavo mostra no vídeo foi logo após isso, quando o Pondé – segundo o próprio Olavo – comete um erro biográfico ao afirmar que o professor teria o desejo de participar do debate público mas que não teria conseguido pelo fato de não ter seguido a carreira universitária. Partindo da premissa de que o Olavo está correto, e que o Pondé de fato tenha cometido um erro biográfico, onde isso torna os ataques gratuitos cometidos pelo Olavo algo proporcional? O que temos aqui é no máximo um engano por parte do professor Pondé, mas em momento algum uma ofensa, um ataque ou uma difamação (o Olavo chama o filósofo de difamador), pelo contrário, esse comentário foi logo após o Pondé elogiar o seu trabalho.
Nisso fica uma dúvida no ar, qual foi o real motivo para o Olavo atacar o Pondé? Ao seguir com a entrevista, vemos que o Pondé faz uma curta crítica (essa que o Olavo oportunamente não menciona) a abordagem do Olavo, demonstrando que possui uma divergência com a mesma pois a julga demasiadamente agressiva e conspiracionista e que acredita que seria prejudicial caso esse discurso contaminasse o novo governo. Não vou julgar aqui se a abordagem do Olavo é correta ou não, mas nisso fica evidente o pensamento de seita do professor e o real motivo da treta. Famoso por já ter feito parte das mais variadas seitas entre as décadas de 60 e 90, o professor Olavo possui um histórico de nunca aceitar ser contrariado, perseguindo com veemência (e jogando seus seguidores contra o seu oponente) todos aqueles que divergem de um ponto ou outro do seu pensamento. Isso já ocorreu em diversas ocasiões e com diversas pessoas, dentre elas o economista Rodrigo Constantino, o teólogo Yago Martins, o professor Francisco Razzo, o presidente do IMB Helio Beltrão, o biólogo Pirula e muitas outras.
Colocar a entrevista completa simplesmente desmentiria a narrativa do Olavo e evidenciando o real motivo pelo qual ele realizou esse ataque tão baixo ao Luiz Felipe Pondé. Fica evidente que o que motivou o Olavo a realizar tais ataques (assim como motivou 90% das suas tretas com outros influenciadores de direita) foi o mero fato do filósofo ter discordado da sua abordagem, algo completamente inaceitável para o ex-líder muçulmano que hoje não aceita ser contrariado dentro da direita, deixando claros indícios que gostaria sim de monopolizar a mesma tornando-se o seu guru (por mais que ele insista em negar isso).
E aqui eu finalizo a minha coluna, não sem antes deixar um recado. Se você é uma pessoa que busca sempre a verdade e não é mais um moleque de 14 anos, NÃO ENTRE E NÃO AJA COMO MEMBRO DE SEITA. Olavo de Carvalho evidentemente tem excelentes obras e deve ser estudado (principalmente na área da Guerra Política), mas não deve ser visto como um exemplo de pessoa ou como um guru que não pode ser em momento algum contrariado. Não seja um olavete, Olavo NÃO TEM RAZÃO!